Apresentação
O
Ministério da Saúde e a 3ª Conferência Nacional
de Saúde Mental
Pedro
Gabriel Delgado*
Nos
últimos 10 anos, em consonância com a paulatina implantação
do Sistema Único de Saúde em nosso país, o processo
de reestruturação da assistência psiquiátrica
no Brasil, estimulado e conduzido pelo Ministério da Saúde,
teve grande desenvolvimento.
Nesse
período, criaram-se normas objetivas de qualificação
dos serviços de internação psiquiátrica,
bem como um dispositivo eficaz de fiscalização, o que
permitiu que um grande número de leitos inadequados às
exigências mínimas de qualidade e respeito aos direitos
dos pacientes fossem retirados do sistema, sem acarretar redução
da assistência.
Paralelamente,
seguindo a lógica de descentralização do SUS,
foi sendo estimulada a constituição de redes de atenção
psicossocial substitutivas ao modelo centrado na internação
hospitalar, resultando na criação de serviços
de atenção diária de base municipal, passando-se
de 03 serviços desse molde em 1990 para mais de 260 em 2000.
Este
panorama de transformação segue em andamento. Todavia,
passada esta primeira década, muito resta por fazer, como apontam
os gastos concentrados fortemente na área hospitalar, a indicar
os empecilhos ainda presentes na reestruturação desta
área.
Em
2001, por ocasião da celebração do Dia Mundial
da Saúde, após mais de 10 anos de debates no Parlamento
e na sociedade, foi aprovada uma nova lei de saúde mental,
que reafirma o processo em curso, e impõe novos desafios aos
gestores públicos de saúde.
Assim,
a 3ª Conferência Nacional de Saúde Mental deverá
ser um foro privilegiado para esta discussão, debatendo-se
o financiamento das ações de saúde mental, a
fiscalização do parque hospitalar psiquiátrico,
o ritmo de implantação dos novos serviços extra-hospitalares,
a criação de novas estruturas de suporte à desinstitucionalização
de pacientes com longo tempo de internação, a formação
de recursos humanos para as novas estruturas de atenção
em saúde mental, entre outras relevantes questões para
a área.
A
efetuação desta Conferência permitirá,
tal como se deu com a histórica 2ª Conferência Nacional
de Saúde Mental em 1992, construir marcos norteadores para
uma nova época na saúde mental em nosso país,
consoante com os balizamentos de justiça social propugnados
pelo SUS.
*Pedro
Gabriel Delgado
Coordenador-Geral da 3ª Conferência Nacional de Saúde
Mental