Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > CNS recomenda que governo revogue portaria que “mutila Política de Saúde Mental”

4CNGTES ETAPAS Final novo

Início do conteúdo da página

CNS recomenda que governo revogue portaria que “mutila Política de Saúde Mental”

  • Publicado: Quarta, 31 de Janeiro de 2018, 07h56

Conselheiros nacionais de saúde aprovaram nesta terça-feira (30/1) uma recomendação para revogar a Portaria nº 3.588, publicada em 21 de dezembro de 2017, que alterou as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental (PNSM). As mudanças foram pactuadas na Comissão Intergestora Tripartite (CIT) – composta por gestores de saúde da União, estados e municípios – sem consulta à sociedade civil e ao CNS.

A recomendação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foi apresentada pela Comissão Intersetorial de Saúde Mental (Cism), durante a 301ª Reunião Ordinária do colegiado.  Os conselheiros solicitam ainda a publicação de portaria em substituição, que esteja de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e da Lei nº 10.216/2001. A lei prioriza os serviços comunitários e extra-hospitalares, devendo a internação psiquiátrica ser realizada somente como último recurso assistencial.

Para os movimentos da Luta Antimanicomial, além de retrocessos, a mudança traz a desestruturação da lógica organizativa da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Eles acreditam que a mudança beneficia as empresas de saúde e comunidades terapêuticas em detrimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

IMG_6566

“Curiosamente, das diversas categorias profissionais que compõem a equipe multidisciplinar da saúde mental, apenas entidades médicas comemoraram a nova política apresentada. Todas as demais manifestaram repúdio a esse processo”, afirmou a representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Mirian Nadin Abou’yd ao lamentar a “mutilação feita na Política Nacional de Saúde Mental”.

Entre outros pontos, a portaria apresenta o aumento do número de leitos psiquiátricos em hospital geral, passando de 15% para 20%, e exige ocupação de 80% em leitos de saúde mental em hospital geral como condicionante para recebimento de recursos de custeio. Isso significa um estímulo às internações.

Segundo o coordenador-geral de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro Junior, as medidas ocorrem pelo fortalecimento das ações da Raps. Dados de sua apresentação apontam que o objetivo é ampliar o percentual de ocupação dos leitos de saúde mental em hospitais gerais. Hoje, a taxa está abaixo de 20%.

“Então, agora você vai sair caçando à laço na rua usuário para internar no hospital e poder receber?”, questiona Mirian. “Isso é um equívoco, típico do setor privado. Direta ou indiretamente, a nova política propõe retroagir no tempo. No tempo do desrespeito a todos os direitos”, completa.

A portaria traz ainda o retorno de serviços obsoletos, como as unidades ambulatoriais especializadas, enquanto as equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), e do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) poderiam ser incrementadas e ampliadas para atender a esta demanda.

PNSM

A Política Nacional de Saúde Mental foi estabelecida pela Lei Federal 10.216/2001 como estratégia do estado, por meio do SUS. As premissas da política, reconhecida pela estratégia de proteção e defesa dos direitos humanos, consolidam um modelo humanizado de atenção à saúde de base comunitária, promovendo a reinserção social e reabilitação psicossocial a essa população. Desta forma, desde 2001, a estratégia de Saúde Mental é desenvolvida no âmbito da Raps.

Ascom CNS

Foto de capa: Cena do documentário ‘A casa dos mortos’, de Debora Diniz. (Foto: Divulgação )

registrado em:
Fim do conteúdo da página