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SUS que dá certo: mulheres tornam hospital no RS referência em transplantes

Hospital Montenegro 100% SUS é um dos bons exemplos que justificam a defesa do sistema público, principal debate da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8).

  • Publicado: Terça, 23 de Julho de 2019, 16h16
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 Um grupo de 13 mulheres mostra na prática a eficiência de um hospital que influencia a rotina de Montenegro, cidade com 70 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul. O Hospital Montenegro (HM), orçamentado do estado, tem 194 médicos, de um total de 442 profissionais e, desde 2012, passou a ser financiado 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2018, o HM tornou-se destaque na captação de órgãos para transplantes em Porto Alegre, um dos principais polos do país nessa especialidade. Esse é um dos bons exemplos que justificam a manutenção do sistema público, que será o principal tema da 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8), maior evento de participação social do Brasil, marcado para ocorrer de 4 a 7 de agosto, em Brasília.

“Fazemos o que nossas antepassadas fizeram”, explica Eliane Laser Daudt, que aprendeu sobre gestão com a própria mãe, responsável por comandar o hospital, fundado em 1937 ainda como instituição filantrópica. Eliane atualmente preside a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (Oase), da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, que está a frente do hospital.

O HM está localizado numa região central da cidade. O prédio ostenta com orgulho uma placa, informando a categoria de 100% SUS. Isso significa que o espaço é dependente unicamente dos recursos financeiros destinados ao sistema, sendo aberto a todos e todas, sem restrição. Ou seja, é caracterizado pela universalidade na saúde, garantida pela Constituição Federal de 1988.

Antes da existência do SUS, somente eram atendidos pelos serviços de saúde pública os trabalhadores que contribuíam com a Previdência. Os desempregados buscavam instituições como as religiosas, que muitas vezes não tinham o suporte hospitalar, equipamentos para exames e clínicas médicas atualmente oferecidas na rede pública, como ocorre com o HM.

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De acordo com as gestoras do espaço, o cenário atual é preocupante, pois já houve muitos cortes financeiros estaduais, em passado recente, que, embora estejam sendo negociados, há incertezas em relação às políticas para o setor. Eliane Daudt frisa que o Brasil tem o segundo maior sistema de transplantes do mundo, com 96% dos procedimentos pagos pelo SUS. “Sendo assim, é de extrema importância o seu fortalecimento”, afirma a presidenta da Oase.

16ª Conferência

Foram milhares de encontros em municípios do interior e nas capitais, cerca de 5 mil representantes da sociedade e governos vêm com propostas que estão sendo discutidas desde o início do ano, para a realização da 16ª Conferência. Os eixos principais são: a saúde como direito dos cidadãos, o financiamento adequado e a consolidação dos princípios do SUS. As conferências são os mais importantes espaços de diálogo entre governo e sociedade para a construção das políticas públicas.

Aliança com a sociedade

O HM tem 150 leitos, com urgência e emergência, são 10 Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). Em 2017, a instituição ganhou credencial de Hospital da Rede Brasil de AVC. Essa credencial facilitou a parceria entre a Fundação Cultural e Assistencial Ecarta, mantida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS).

Desde 2012, a parceria faz um trabalho permanente para transformar o ato de doação de órgãos em cultura cidadã. Já foram realizadas mais de 15 mil pessoas participando de palestras e outras ações de conscientização. Com essa aliança, a cidade de Montenegro que registrava 0% de doações de órgãos passou logo no seu primeiro ano a ter 62% dos pedidos aceitos pelas famílias que perderam parentes em casos de mortes cerebrais.

A palavra-chave do Hospital Montenegro é “acolhimento”. E isso faz toda a diferença, como conta o músico Felipe Carrard, 27. Há 12 anos, ele sofreu um acidente e teve os rins comprometidos. Passou a ir três vezes por semana, quatro horas por dia, para hemodiálise. Exames a cada dois meses pra descobrir se havia um órgão compatível.

“Essa demora é angustiante. Um dia eu disse: mãe, tô me entregando. Não volto mais pra hemodiálise. Dois dias depois me chamaram para o transplante, que só aconteceu em 2018. A equipe do hospital foi fundamental para eu superar a angústia, o cansaço. A gente chega a se apegar a essas pessoas. Eu teria inúmeras pessoas atenciosas e eficazes pra citar. A gente precisa dessa força, e o pessoal tá preparado pra ajudar”.

Ascom CNS

 

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