Brasília,
08 de julho de 2010
CNS analisa o panorama da atenção oncológica no Brasil
O segundo ponto de pauta, do primeiro dia da 211ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde, realizada nesta quarta-feira (7), foi reservado para discutir o tema da atenção oncológica no Brasil.
O debate realizado no Pleno do CNS recebeu como convidados os médicos, Luiz Antônio Santini Rodrigues, Diretor-Geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Enaldo Melo de Lima, Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Embora a expectativa de vida dos portadores de neoplastia maligna (câncer) tenha aumentado, essa é, ainda, uma doença que faz perecer milhões de brasileiros e, de acordo com dados do Inca, é a segunda causa de morte no País. Para Luiz Antônio Santini Rodrigues, Diretor-Geral do Inca, “40% dos casos poderiam ser prevenidos”.
O crescimento progressivo, na escala de 5% ao ano, de novos casos da doença só confirma a previsão do Inca, de que haverá, até 2020, cerca de 300 mil óbitos. Ainda com base nos dados informados pelo Instituto, no gênero masculino, as maiores incidências estão registradas sobre os seguintes órgãos: próstata e pulmão. No feminino, mama e útero.
Outro dado bastante interessante, revelado pelo Inca, aponta as incidências, de acordo com as regiões do Brasil, em homens e mulheres.
Homem/Região/Incidência do Câncer
Norte |
Nordeste |
Sul |
Sudeste |
Centro-Oeste |
Estômago |
Próstata |
Pulmão |
Pulmão |
Pulmão |
Mulher/Região/Incidência do Câncer
Norte |
Nordeste |
Sul |
Sudeste |
Centro-Oeste |
Colo do Útero |
Mama |
Mama |
Mama |
Mama |
Santini finalizou a apresentação para o Pleno do CNS afirmando que “para mudar essa realidade e controlar o câncer, a informação de qualidade, detalhada e precisa, regionalizada, é condição essencial”, alertou.
Em sua intervenção, o Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Enaldo Melo de Lima, apresentou outros dados que registram a progressão da doença. Segundo ele, em 2001 eram 305 mil casos; em 2009, 466 mil; atualmente, em 2010, já passam de 486 mil os portadores da doença.
Enaldo Lima adverte que hoje, “o câncer é uma questão de saúde pública”. Segundo ele, cerca de 80% dos tratamentos têm cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) e 20% recorrem à saúde suplementar. Entretanto, há que se destacar, garante o Presidente da SBOC, que “a medicação dos pacientes atendidos pelos convênios é proveniente da rede pública de saúde; ou seja, também sai do SUS”.
Para ele, a não cobertura de medicamentos orais pelos pacientes atendidos pela medicina suplementar é uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos pacientes de câncer, “mas ainda há outras”, afirma. As mais significativas, de acordo com Enaldo Lima, são, em primeiro lugar, os déficits nos valores pagos pelo SUS para serviços médicos e, também, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que ainda apresenta problemas com as bulas desatualizadas, inviabilizando a utilização de uma série de medicações fundamentais para o tratamento do câncer.
Ao fim da reunião, Clóvis Adalberto Boufleur, Conselheiro Nacional e membro da Mesa Diretora do Conselho, elencou como encaminhamentos da reunião, a criação de um grupo de trabalho (GT) para acompanhar o panorama da atenção oncológica no Brasil, a manutenção do tema na pauta do Pleno do CNS e a construção de uma Política de Controle do Câncer no Brasil, se possível com realização de um seminário para aprofundar o tema.
Manifesto do Linfoma – Na oportunidade, a Presidente da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Merula Steagall, entregou ao Diretor-Geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Antônio Santini Rodrigues, o “Manifesto do Linfoma”, cujo objetivo essencial é a obtenção de informações acerca das providências que têm sido tomadas em prol de um melhor tratamento aos pacientes de Linfoma no País.
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