Brasília,
20 de julho de 2010
9º Congresso da Rede Unida inicia com arte, homenagens e defesa do SUS
Entre declamações de trechos das mais conhecidas obras do escritor gaúcho Mario Quintana e atrações artísticas, ora circense ora teatral, do grupo cearense Cirandas da Vida, o 9º Congresso da Rede Unida iniciou de forma ímpar.
“Nos próximos quatro dias este será o território nacional da saúde”, declarou Alcindo Ferla, Coordenador do 9º Congresso da Rede, em sua fala na solenidade de abertura. Ferla acredita que a 9º edição do evento será uma rica oportunidade para discutir, aprender e trocar inúmeras experiências sobre os temas da saúde de maior relevância. E lembrou que representantes de todos os estados brasileiros e de países da América Latina e da Europa vieram para o evento.
À mesa da solenidade estavam, além de Alcindo Ferla, Francisco Batista Júnior (Conselho Nacional de Saúde), Ana Maria Costa (Ministério da Saúde), Carlos Alberto Duarte, (Conselho Estadual de Saúde/RS), Márcia Regina Cardoso (Secretaria Municipal de Saúde/RJ), Aparecida Pimenta (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde/Conasems), Carlos Henrique Casartelli(Secretaria Municipal de Saúde/RS), Andrea Cristina (Secretária de Saúde, Luiz Augusto Facchini (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/Abrasco), Humberto Trigueiro (Fiocruz), Dulce Chaiverini, (Rede Unida de Recursos Humanos), Ariane Leitão (Ministério da Educação), Sandra Bial (Governo do Rio Grande do Sul) e Carlos Alexandre Netto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul/UFGRS).
Em sua intervenção o Reitor Carlos Alexandre Netto, da UFRGS elogiou a Comissão Organizadora do evento e fez questão de registrar publicamente o quão difícil fora a concretização do 9º Congresso da Rede Unida. “A realização de um evento é sempre muito complicada, mas executar essa tarefa dispondo de um parco orçamento, para 2000 pessoas, aqui em Porto Alegre nesse frio e debaixo de chuva como estamos é realmente algo desafiador e para muito poucos”, orgulha-se o Reitor. De acordo com Carlos Alexandre, apesar das adversidades, “que não foram poucas”, garante, a persistência desse grupo foi, de fato, fundamental para que hoje “todos nós estivéssemos aqui desfrutando dessa noite tão especial.
Ainda que fosse um momento de confraternização e congraçamento, no momento oportuno Francisco Batista Júnior, Presidente do Conselho Nacional de Saúde, não se furtou em defender, de forma veemente, os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) ao tomar a palavra para si. O Presidente do CNS alertou para os inúmeros projetos que atualmente tramitam na Câmara dos Deputados e representam, na opinião dele, “um grande perigo para o SUS”. Para Francisco Júnior, “o SUS é um gigante sobrevivente”.
Júnior também foi contundente ao elencar os perigos que assolam o Sistema Único. De acordo com ele, “o número de organizações sociais tem avançado consideravelmente, e a privatização da gestão do sistema é o elemento que falta para que esse criminoso processo de desmonte deste, que é o maior sistema de saúde pública do mundo; e para nós, do Conselho Nacional de Saúde, chega! Basta!”, momento em que foi muito aplaudido. O Presidente revelou, também, que hoje, além dos eventos que participa Brasil afora, a maior demanda do CNS é “atender às graves crises dos conselhos”, finalizou.
O 9º Congresso vai até quarta-feira (21), reunindo aproximadamente 3.500 pessoas, entre administradores públicos, especialistas em saúde, gestores, professores e estudantes, para fóruns temáticos, távolas, rodas de conversa e oficinas. Paralelo ao 9º Congresso da Rede Unida, também estão sendo realizados o I Fórum Latino-Americano de Gestores de Saúde de Atenção Básica em Saúde; o I Fórum Latino-Americano de Participação em Saúde, Políticas Públicas e Educação Cidadã; e o II Fórum Latino-Americano de Educação na Saúde. Todos os eventos são no Campus Central UFRGS.
Homenagem – A noite da solenidade de abertura ainda foi reservada para uma grande homenagem. Sob muita emoção da plateia, o Espaço Nilton Bueno Fisher foi inaugurado por Rosa Fischer, filha do saudoso professor.
Em seu discurso de agradecimento à homenagem póstuma ao Professor Fischer, Rosa resgatou alguns dos ensinamentos do pai. Recordou que já em 1993 ele falava em “gestão democrática da coisa pública” e também da importância em “aprender com o coletivo”. Segundo Rosa Fischer, “talvez porque nós éramos 12 irmãos e tivemos de aprender a dividir desde muito cedo absolutamente tudo uns com os outros”. Na opinião dela, esse é um dos melhores ensinamentos deixados por seu pai, que acima de tudo “era um homem feliz”. |