Brasília, 01 de setembro de 2011

Começa VI Conferência Estadual de Saúde de São Paulo

        O        Com a leitura de trechos de poemas de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, começou na noite dessa quarta-feira (31) a VI Conferência Estadual de Saúde de São Paulo que acontece no município de Serra Negra localizado a 150 quilômetros da capital. O estado, ao lado de Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, da continuidade a etapa estadual da 14ª Conferência Nacional de Saúde. São Paulo realizou 488 conferências municipais, 20 regionais e atingiu uma população de 39 milhões de pessoas representadas nas conferências, de acordo com informações do Conselho Estadual de Saúde de São Paulo.

        Segundo Manuel Barros, presidente da Comissão Organizadora da conferência paulista, o evento passou por algumas dificuldades para sua realização. Mas, apesar dos obstáculos, Barros afirmou que os três dias de conferência contarão com debates e a aprovação de propostas de grande qualidade para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A comissão trabalhou arduamente para fazer essa Conferência. E o que nós queremos do SUS? Queremos um SUS que atinja a toda população no Brasil inteiro para que todos possam ser atendidos de maneira igual e com grande equidade”, afirmou.

        Para Eliane Cruz, conselheira nacional que participou da mesa de abertura representando o presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), ministro Alexandre Padilha, a Conferência de São Paulo tem que fortalecer temas importantes para o Sistema. Entre eles está a regulamentação da Emenda Constitucional 29 que trata dos recursos destinados à saúde por parte da União, Estados e Municípios. “Temos que trabalhar para um SUS de todos e todas. É necessária a discussão da EC29 que vem fazendo parte da agenda de governo e do Congresso Nacional”, disse.

        Alguns desafios para a melhoria do SUS foram apresentados por José Marcos Teixeira, secretário de saúde em exercício e presidente do conselho estadual e da conferência. Na avaliação de Teixeira se o Brasil caminha para ser a quinta economia mundial é preciso garantir um Sistema Único de Saúde compatível com essa tendência. “Já tivemos queda da mortalidade infantil, o controle de doenças por meio da vacinação como a poliomielite e sarampo, e a garantia de medicamentos de alto custo. Mas o SUS tem seus desafios que devem ser debatidos nesta conferência estadual, como, por exemplo, a reorganização do Sistema”, informou.

        O deputado estadual e presidente da comissão de saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, Marcos Martins (PT-SP), apontou para a necessidade do SUS ser totalmente público e igualitário. “O privado precisa ressarcir o que é utilizado de público. Isso vai possibilitar que a gente construa uma saúde pública para todos. O SUS jamais pode ser apagado ou que haja retrocesso nesse sistema público universal admirado no mundo”, ressaltou.

Conferência Magna

        Após a solenidade de abertura, o ex-deputado federal e médico sanitarista, Roberto Gouveia palestrou na Conferência Magna para cerca de mil delegados que participam da etapa estadual paulista. Gouveia fez um relato sobre a luta de incluir a saúde como direito de todos e dever do estado na Constituição de 1988, um debate que vinha do movimento sanitarista.

        Segundo Gouveia as conferências hoje trazem o retrato das lideranças sanitárias da atualidade. “O SUS é uma conquista da sociedade brasileira e não de um partido ou de um governo. Temos um amplo protagonismo social no Brasil, mas estamos no momento de repolitizar o SUS e convencer a sociedade brasileira a defender o direito a saúde”, afirmou.

        Ao término da Conferência Magna os delegados aprovaram o regulamente da VI Conferência Estadual de Saúde de São Paulo. Para esta quinta-feira, a programação segue com os grupos de trabalho que discutirão as propostas que vieram das conferências municipais, consolidadas pela comissão de relatoria.