Brasília,
11 de maio de 2011
CNS debate sobre as Hepatites Virais em sua 221ª Reunião Ordinária
Na tarde desta quarta-feira (11), para discutir a temática das Hepatites Virais, compuseram a mesa Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, professor e Assistente-Doutor da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do H ospital das C línicas F aculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP); Antônio Alves de Souza, Secretário Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS); Jarbas Barbosa, Secretário de Vigilância em Saúde (SVS); e a Conselheira Jurema Werneck, coordenadora desta mesa.
Em sua apresentação, o professor Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, do Hospital das Clínicas de São Paulo, ressaltou que a mortalidade por Hepatite do tipo C é a que mais cresce no Brasil. E, de acordo com ele, a incidência dessa hepatite é mais evidente em indivíduos do sexo masculino, que no feminino. O professor alertou que "em geral, com o tratamento, as moléstias infecciosas tendem a reduzir o índice de mortalidade", já "as advindas das hepatites virais aumentam a mortalidade".
Segundo o professor Stanislau Affonso, "a hepatite C é uma questão de saúde pública de primeira grandeza". É silenciosa, não acomete em um grupo específico, e os principais sintomas aparecem, em média, 13 anos após o contágio. Além disso, possui maior prevalência entre 40 e 59 anos de idade. Na avaliação de Evaldo Stanislau, até 2020 serão 800 mil, somente nesta faixa etária.
Antônio Alves de Souza, Secretário Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), em sua intervenção, ressaltou que nas comunidades indígenas os acometimentos das hepatites virais devem considerar aspectos históricos e antropológicos, que envolvem a formação de cada povo e de práticas culturais , o que a torna talvez a infecção viral com maior impacto a saúde do homem em certas regiões.
As altas taxas de positividade nos grupos indígenas, de acordo com o secretário, estão relacionadas às complexas práticas culturais que aumentam a probabilidade de transmissão do HBV através do sangue, e citou como exemplo as escarificações ( técnica de modificação do corpo que consiste em produzir cicatrizes no corpo através de instrumentos cortantes ) , as tatuagens e até mesmo o processo de mastigação da comida.
Antônio Alves apresentou ainda as expectativas de trabalho e as ações que serão tomadas pela Sesai, no controle das hepatites virais: "aumento da oferta de diagnóstico das hepatites virais, realização de ações de prevenção nas Casas de Saúde do Índio, uma organização do fluxo de notificação dos casos, com melhoria na notificação, melhoria no suprimento de medicamentos para o tratamento das DST e preservativos, de acordo com a demanda e capacitação em aconselhamento, prevenção da transmissão vertical do HIV, sífilis e hepatite são prioridades", afirmou.
"As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo", afirmou Jarbas Barbosa, Secretário de Vigilância em Saúde (SVS). Segundo Jarbas Barbosa, a s equipes de atenção básica têm papel relevante no diagnóstico e no acompanhamento das pessoas portadoras - sintomáticas ou não - de hepatites, avalia o secretário.
Jarbas Barbosa acredita que somente um conjunto de ações de saúde, de caráter individual e coletivo, abrangendo promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde, possa atender à tão complexa e crescente demanda das Hepatites Virais no Brasil.
Para isso, é necessário que as equipes estejam aptas a identificar casos suspeitos, solicitar exames laboratoriais adequados e realizar encaminhamentos a serviços de referência dos casos indicados, garante o Jarbas Barbosa.
O secretário informou ainda que no dia 28 de julho será lançado o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, como também está sendo preparada uma campanha de comunicação de massa para chamar atenção para temática das Hepatites.
Ao final, o Pleno do Conselho Nacional de Saúde acordou realizar um novo encontro para os primeiros meses de 2012, para a análise dos avanços nos trabalhos frente às Hepatites Virais.
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