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Brasília, 06 de fevereiro de 2009

 

Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | SUS | Correio Braziliense | Brasil | DF
Entrevista - Paulo Gadelha

 

Por: Rodrigo Couto
Da equipe do Correio


            Empossado em 15 de janeiro, o novo presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Gadelha, 57 anos, revela que a instituição já trabalha em vacinas contra a dengue e a leishmaniose. Em entrevista ao Correio, ele fala sobre as prioridades e desafios à frente da Fiocruz. O novo presidente defende um novo modelo de gestão para ampliar a produção de medicamentos e vacinas no país. Com orçamento anual de R$ 850 milhões, a Fiocruz atua em áreas como ciência, tecnologia e inovação em saúde, educação permanente e qualificação profissional para o Sistema Único de Saúde (SUS), vigilância epidemiológica e ambiental, assistência farmacêutica e produção de insumos estratégicos em saúde (medicamentos, vacinas, biofármacos e reagentes para diagnóstico), e gestão de políticas de saúde.


            Pioneira no isolamento do vírus HIV no Brasil, em 1980, a Fiocruz fornece nove dos 17 antirretrovirais do coquetel anti-Aids. A fundação também combate às doenças negligenciadas, aquelas que atingem, sobretudo, as populações mais pobres e não são alvo de investimentos da indústria farmacêutica. Nesse sentido, a instituição atua em diversas frentes para combater a doença de Chagas e a leishmaniose, bem como o novo medicamento contra malária, lançado recentemente.
Gadelha pretende dar continuidade ao processo de expansão da instituição para o Mato Grosso do Sul, Ceará, Rondônia e Piauí. No Distrito Federal, está em construção um núcleo federal de ensino da escola de governo dentro do campus da Universidade de Brasília (UnB). Vinculada à Escola Nacional de Saúde Pública, do Rio de Janeiro, a instituição da capital federal vai ser dirigida à formação de servidores e agentes do setor público ligado à saúde.

Por uma nova gestão

            Quais são suas prioridades e os maiores desafios à frente da Fiocruz?
Uma prioridade mais geral que definimos em nossa plataforma é consolidar a Fiocruz como uma agência estratégica de Estado, no sentido de ter uma ação permanente, tanto nacionalmente quanto no exterior, que cada vez mais se coloca em nível de complexidade maior, acompanhada de uma infraestrutura e capacidade de gestão compatível com as demandas. A Fiocruz é hoje uma instância central do ponto de vista da inteligência e da capacidade de suporte do Ministério da Saúde, das políticas públicas na área de ciência e tecnologia de saúde, abrangendo praticamente todo o escopo de atuação, seja ele no campo do desenvolvimento tecnológico, na área da vigilância epidemiológica, e na formação de pessoal. Na escala em que estamos trabalhando, se amplia muito o projeto nacional, com a incorporação de seis novas unidades em várias regiões do país. E do ponto de vista internacional também, por meio de um escritório técnico na África e a ampliação muito forte na Unasul (União das Nações Sul-Americanas), que será estendida à rede de cooperação praticamente em todos os continentes.
Essas parcerias e a autossustentabilidade podem desvincular a Fiocruz do Ministério da Saúde?


            Não. A idéia é fazer com que tenha a capacidade em termos de organização e um formato de atuação que radicalize o seu papel de agência de Estado. A Fiocruz continuará, obviamente, vinculada ao ministério, mas o que se pretende é que sua tarefa adquira, cada vez mais, funções de Estado, dentro de uma concepção que nós entendemos ser uma missão de responsabilidade — não só de vencer as funções típicas, como também de ser um articulador e operador e, ao mesmo tempo, um agente em algumas áreas extremamente importantes voltada à saúde, ciência e tecnologia, de projeto industrial e das relações internacionais. O que estamos querendo enfatizar é que, além das demandas tradicionais, rotineiras e postas, a Fiocruz precisa fazer um processo de convencimento na cúpula de governo e do Congresso Nacional e das instâncias maiores de definição desse modelo de relação Estado, sociedade civil, mundo empresarial e terceiro setor, no sentido de que ela é uma âncora de natureza mais permanente e que precisa ter uma configuração específica no seu modelo de gestão.

E como funciona a relação com o ministério?

            A Fiocruz é uma autarquia do Ministério da Saúde e isso para nós não é um obstáculo. Muito pelo contrário, é uma forma de vincular a atuação da instituição com as políticas públicas e dá o sentido que sempre teve, de mediação entre o campo da política do governo e as ações, mas é preciso que a Fundação Oswaldo Cruz seja reconhecida e tenha instrumentos de alargamento da sua função de Estado, ou seja, que tenha uma ação de natureza mais permanente de longo prazo, sempre vinculado ainda com seu caráter estatal, porém, ampliado. Por exemplo, uma das questões centrais que estamos trabalhando é no campo onde consideramos o papel da Fiocruz como uma das âncoras para incentivar e redirecionar o que chamamos de complexo produtivo da saúde, que envolve todas as atividades econômicas, incluindo a produção de vacinas, medicamentos e serviços. Isso movimenta em torno de 8% do PIB (Produto Interno Bruto). E esse complexo, bem orientado, se torna essencial do ponto de vista de uma reconformação do Sistema Único de Saúde (SUS) e da sua capacidade de atuação. Ao mesmo tempo em que atende toda essa dimensão social, ele passa a ser um componente muito importante de um modelo de desenvolvimento industrial e social do país. Hoje, as nossas negociações do ponto de vista de incorporação de tecnologia, a participação na produção de medicamentos e a inserção nacional como parceiro e mesmo, muitas vezes como âncora, de reforço dos temas de saúde nacionais e internacionais, exigem uma nova configuração do modelo organizacional, da infraestrutura, e do reconhecimento da instituição como uma agência de Estado.


            Há previsão de expandir a presença da fundação para outros estados?
Sim. Já estamos no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amazonas, Paraná e Distrito Federal e em processo de expansão e instalação no Mato Grosso do Sul, Ceará, Rondônia e Piauí. Também está em andamento a construção de um núcleo federal de ensino da escola de governo dentro do câmpus da Universidade de Brasília (UnB). Vinculada à Escola Nacional de Saúde Pública, do Rio de Janeiro, a instituição do DF vai ser dirigida à formação de servidores e agentes do setor público ligado à saúde. Essa unidade também vai alargar o seu campo de atuação, tendo a região como base, se associando à Secretaria de Saúde local e expandindo por todas as áreas de atuação da Fiocruz.


            Qual o volume de vacinas e medicamentos produzidos pela fundação?
Produzimos cerca de 100 milhões de doses de vacinas ao ano, envolvendo a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba), DPT (contra difteria, tétano e coqueluche), meningite, e a incorporação mais recente da que previne contra o rotavírus. E no campo farmacêutico, fabricamos em torno de 860 milhões de remédios.


            Apesar do investimento do setor farmacêutico e do governo federal em pesquisa, ainda assim não existe um único medicamento 100% brasileiro, considerando todas as etapas de produção. O que falta para se ter um fármaco totalmente nacional?
É preciso deixar claro que a indústria farmacêutica brasileira foi destruída durante o governo Collor. A base e tradição de estrutura para desenvolver, a partir de princípios ativos, toda a cadeia de inovação mais radical começou a se recuperar recentemente, tendo em vista que é um processo de maturação longo. Mesmo do ponto de vista internacional, hoje, há muito pouca novidade na área farmacêutica. O que existe muito é um melhoramento de produtos e trabalhos a partir de fitoterápicos (feitos de partes de plantas), mas são poucas as classes terapêuticas e as inovações radicais que aparecem, inclusive, em nível internacional. Mas vamos apostar que, depois dessa política de incentivo industrial, que está acontecendo no campo de desenvolvimento tecnológico da Fiocruz e também na recuperação da farmoquímica brasileira, estamos com muitos candidatos a novos produtos. E esperamos para os próximos anos um novo ciclo e uma capacidade de desenvolvimento de novos remédios nacionais. Ao mesmo tempo, é importante perceber que alguns efeitos extremamente significativos na saúde são produtos não de inovações radicais, mas sim de inovações incrementais. Um exemplo é a Lamivudina + Zidovudina (30+60) mg, comprimidos para o tratamento de Aids em crianças.


            A fábrica de medicamentos da Fiocruz, Farmanguinhos, é hoje um dos mais importantes laboratórios oficiais, garantindo à população o acesso a medicamentos essenciais. Qual a meta da unidade para os próximos?
Recentemente, assinamos diversas parcerias, como para o combate à asma grave e na área da saúde da mulher. E temos outros em andamento. Estamos identificando na pauta de prioridade do quadro epidemiológico brasileiro, da carência de medicamentos, principalmente os de custo elevado. E vamos abrir a nossa pauta para atender a essa demanda. E o fundamental nisso tudo é uma associação com a política farmacêutica dos medicamentos do Ministério da Saúde.
O que é necessário para Farmanguinhos ampliar a produção de antirretrovirais?

            Dos 17 medicamentos que integram o coquetel contra a Aids, Farmaguinhos produz nove. O aumento da produção depende muito do mercado, como aconteceu com o Efavirenz. À medida que o preço desse remédio tornou-se abusivo, e que é fundamental ao programa de combate ao HIV, nós resolvemos entrar e dominar a tecnologia e estamos agora neste semestre começando a fornecer toda uma produção de Efavirenz que vai substituir nossa dependência anterior.
Quais as novidades para os próximos anos na área de vacinas?
Existem várias apostas. Uma delas é uma vacina contra a dengue e temos um outro grupo trabalhando em uma para combater a leishmaniose. O grande problema é que ainda estamos em etapas que não podem nos garantir se vamos alcançar o resultado desejável e que sejam aprovadas em todos os testes. Mas estamos trabalhando para eliminar várias doenças, seja isoladamente, ou em parcerias nacionais e internacionais.
É preciso deixar claro que a indústria farmacêutica brasileira foi destruída durante o governo Collor.

 

 

 


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