Brasília,
11 de novembro de 2010
Terceiro dia de Seminário debate relações público-privado no SUS
Após dois dias de debate acerca da Atenção Primária em Saúde, começou nesta quarta-feira (10) as discussões a respeito das relações público-privado no Sistema Único de Saúde (SUS) no Seminário Nacional de Atenção Primária em Saúde e sobre as Relações Público-Privado no SUS. O evento acontece em Brasília e é promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Francisco Batista júnior, Presidente do CNS, reforçou a importância do tema, “um debate que tem tudo a ver com o que vem sido discutido até o momento”. Na avaliação de Francisco Júnior, esse não tem sido um debate fácil, em que o discurso é de não haver privatização no SUS, pois nenhuma unidade tem sido vendida. “A privatização no SUS tem sido muito mais cruel e sutil”, afirma.
Para abrir os trabalhos, a Professora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sara Granemann, proferiu a conferência Discutir as Relações Público x Privado no SUS, em uma mesa coordenada pelo Conselheiro Nacional José Naum Chagas. De acordo com Sara Granemann, discutir as relações público-privado exige de todos o enfrentamento com coragem, já que não é uma relação aberta, explícita. “As propostas de privatização hoje são feitas e defendidas por muitos trabalhadores como forma de avançar na luta. E esta é uma das sutilezas da atual privatização”, afirma. Para a Professora Sara, existem dois tipos de privatização: a clássica, com a venda do patrimônio como foi feito, por exemplo, com a Vale do Rio Doce; e a não clássica – que é sutil, inclusive com um discurso de esquerda e que age devagar.
Na opinião da Professora da UFRJ as privatizações não clássicas são necessárias atualmente porque não tem mais como entregar o patrimônio público da forma clássica. “É privatização igual e precisa ser contestada”, defende. Organizações sociais (OS), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e Fundações Públicas de Direito Privado são formas de privatização não clássica e que são utilizadas com argumentos de maior agilidade pelos que as defendem de acordo com Sara Granemann.
A professora aproveitou a oportunidade para destacar o papel do CNS frente ao tema, para que o Conselho seja capaz, além de produzir análises sobre privatização no SUS, mas seja também para a classe trabalhadora um incansável defensor das políticas sociais e não apenas da saúde. “Sigamos fazendo a única coisa que nossa classe pode fazer, que é defender e combater todos os tipos de privatização, clássica ou não”, finalizou. |