Brasília,
05 de outubro de 2011
Pleno do CNS debate uso de agrotóxicos e impactos no SUS
Os impactos da política progressista no campo a partir da troca da agricultura familiar por máquinas e o avanço dos agrotóxicos no Brasil foram alguns dos temas abordados no documentário “O veneno está na mesa”, apresentado na tarde desta quarta-feira (5) ao Pleno do Conselho Nacional de Saúde (CNS), pelo cineasta Silvio Tendler. O debate fez parte da terceira mesa da 226ª Reunião Ordinária, coordenada pela conselheira nacional, Maria do Socorro de Souza.
Em breve apresentação do filme, Tendler expôs os desdobramentos do uso de agrotóxicos na produção de alimentos no país como a perda da fertilidade do solo, a contaminação das águas e o desenvolvimento de doenças em crianças e adultos a partir do consumo de alimentos contaminados. “A intenção é buscar alternativas no sentido de incentivar a reciclagem da agricultura para os orgânicos. Trata-se apenas de uma opção de modelo de desenvolvimento econômico e é fundamental que o assunto também seja discutido por quem cuida das políticas de saúde do país”, afirmou o cineasta.
Em trecho do documentário é descrito ainda o alto grau de contaminação detectado nos últimos anos em alimentos como pimentão, pepino, abacaxi, morango e uva. “Os efeitos dessa contaminação não são contabilizados dentro do Sistema Único de Saúde. A conta não é repassada para as empresas, mas sim para toda a nação brasileira”, critica Tendler.
A gerente de Normatização e Avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Letícia Rodrigues, também participou da discussão e destacou a pressão da indústria dos agrotóxicos por meio de alianças políticas e judicialização das decisões tomadas pelo órgão para manutenção dos produtos no mercado. “A Anvisa apóia a iniciativa do filme como instrumento divulgador da realidade atual, mas a sociedade precisa se apropriar do tema e exercer o controle social sobre agrotóxicos, que muitas vezes são consumidos pela sociedade sem o devido conhecimento”, aponta.
De acordo com dados da Anvisa, US$ 7,3 bilhões de dólares em agrotóxicos foram comercializados no ano de 2010 no Brasil. A previsão para este ano é que chegue a US$ 8,5 bilhões. Atualmente, existe mais de 400 tipos de agrotóxicos registrados no país. A atividade de registro é realizada pelo Ministério da Agricultura, que analisa a eficácia agronômica dos produtos. No entanto, a aprovação da Anvisa e do Ibama são requisitos obrigatórios para que o agrotóxico seja registrado. |