Cerca
de 2 mil mulheres e 38 mil recém-nascidos
brasileiros morrem a cada ano
vítimas de complicações
na gravidez, parto, pós-parto
e abortamento. E o mais preocupante:
muitas dessas vidas seriam poupadas
se mulheres e bebês tivessem
a saúde acompanhada de
maneira correta. Para lutar contra
essa grave estatística,
o Governo Brasileiro lançou
em 2004 o Pacto Nacional pela
Redução da Mortalidade
Materna e Neonatal (de bebês
com até 28 dias de vida).
A intenção é
reduzir em 15% os índices,
em todas as capitais do país,
até o final deste ano.
Aprovado pelo Conselho Nacional
de Saúde (CNS), o Pacto
se firmou como um movimento dos
três níveis de gestão
(União, estados e municípios)
e da sociedade civil para adoção
de estratégias que melhorem
a qualidade da atenção
à saúde das mulheres
e dos recém-nascidos. "Não
se pode reduzir o número
de mortes, sem a qualificação
da assistência oferecida
a essas pessoas", explica
o médico Adson França,
que é coordenador do Pacto
Nacional.
Em dois anos, 25 estados aderiram
ao pacto e realizaram seminários,
com a participação
de gestores, profissionais de
saúde e sociedade civil,
para elaborar planos de ação
que ajudem a evitar as mortes
maternas e neonatais. O pacto
também avança na
esfera municipal. Dos 78 municípios
considerados prioritários,
por apresentarem índices
elevados de mortes, 71 formalizaram
planos. Essas localidades já
receberam do governo federal R$
31,2 milhões para intensificar
as ações de qualificação
da atenção à
mulher e ao recém-nascido.
Em parceria com as secretarias
estaduais, o Ministério
da Saúde tem capacitado
as equipes das maternidades para
garantir atenção
humanizada. Quase 900 profissionais
de saúde, de 221 maternidades,
participaram dos Seminários
de Atenção Obstétrica
e Neonatal Humanizada com base
em Evidências Científicas.
Nos seminários, os profissionais
de saúde são instruídos
a mudar determinadas práticas
que, apesar de utilizadas de forma
corriqueira, já existem
novos e amplos estudos afirmando
que não têm embasamento
científico. "Em situações
normais, por exemplo, não
é preciso que a mulher
permaneça deitada, com
soro e com dieta zero durante
o trabalho de parto, nem que se
submeta ao enema (lavagem intestinal).
Às vezes, há uma
utilização excessiva
de medicamentos", exemplifica
França. Os profissionais
também são capacitados
para acolher de forma humanizada
e adequada às vítimas
de complicações
por aborto.
Papel dos Conselhos de Saúde
Os conselhos de saúde têm
um papel essencial na superação
do desafio de reduzir as mortalidades
materna e neonatal no país.
Veja alguns exemplos sobre como
as instâncias de controle
social podem contribuir com o
Pacto Nacional pela Redução
da Mortalidade Materna e Neonatal.
Os
conselhos de saúde devem:
1)
Estar atentos e cobrar dos gestores
para que os planos de saúde
dos respectivos estados e municípios
apresentem a redução
da mortalidade materna e neonatal
como prioridade. Os conselhos
devem acompanhar a execução
das ações estratégicas
apresentadas nos planos;
2)
Mostrar aos gestores que, além
de qualificar a assistência
nos serviços de saúde,
os planos contra mortalidade materna
e neonatal devem considerar as
questões sócio-econômicas,
grau de escolaridade e as diferenças
étnico-raciais;
3)
Atuar na organização
e acompanhar o funcionamento dos
Comitês de Estudo da Mortalidade
Materna e/ou Mortalidade Materna
e Infantil/Neonatal. Reforçar
entre os gestores a necessidade
de que as políticas públicas
de saúde para a mulher
também sejam embasadas
nas análises dos comitês.
Atualmente, existem comitês
nas 27 unidades da federação,
171 Regionais, 748 Municipais
e 206 Hospitalares. Essas unidades
têm como missão analisar
os óbitos maternos e suas
causas, propondo políticas
públicas mais direcionadas
para reduzir a mortalidade materna
e melhorar a assistência
obstétrica.
4)
Incentivar a realização
de seminários, oficinas
e eventos que dêem maior
visibilidade ao tema da mortalidade
materna e neonatal.
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