Brasília, 10 de novembro de 2011

Saúde Indígena é destaque em pleno do CNS

          Para debater a atual situação da saúde dos povos indígenas no Brasil o Pleno do Conselho Nacional de Saúde (CNS) recebeu na manhã desta quinta-feira (10), o secretário da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (SESAI/MS), Antônio Alves, a representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Sônia Guajajara e o integrante do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI), Lázaro Calixto Xerente.

          O secretário Antônio Alves, mostrou incialmente um quadro alarmante da situação das Casas de Saúde Indígena (CASAI), que são unidades de saúde responsáveis pelo atendimento aos índios no país. De acordo com ele, vários espaços se encontram em verdadeiro estado de calamidade e de abandono, com falta de estrutura, equipamentos, profissionais para realizar os procedimentos necessários, carros e barcos para chegar às aldeias, entre outros.

          Para tentar reverter essa realidade  e após a luta de diversos atores do movimento indigenista foi criada há um ano a Secretaria Especial de Saúde Indígena. Segundo Alves, com a implementação da secretaria já foi possível avançar em muitos pontos, como por exemplo, possibilitar mais autonomia dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DESEIs). Hoje das 34 unidades, 29 já são gestoras e também executoras das ações como é o caso de Alagoas (SE), Alto Rio Juruá (AC), Alto Rio Negro (AM) e Tocantins.

          “Já conseguimos realizar licitações para a compra de barcos, veículos tipo caminhonete, gerador para os consultórios odontológicos, material médico hospitalar. Além disso, nos voltamos também para o combate de algumas doenças que afetam a comunidade indígena como o HIV, a Sífilis e as Hepatites virais. Realizamos dois manejos clínicos onde levamos vários indígenas para a casa da SESAI para se tratarem durante um ano com acesso aos remédios necessários para o tratamento da hepatite C”, afirmou.

          Para que a saúde indígena melhore é necessário levar em conta a diversidade existente no Brasil e analisar as especificidades de cada região do país. A afirmação é de Sônia Guajajara da COIAB que apontou também que é imprescindível a participação plena dos indígenas na decisão da implementação de políticas e ações voltadas a essa comunidade. “Muitos indígenas morrem por falta de atendimento que não chega e de um Sistema que não é presente. A saúde indígena precisa melhorar, os povos indígenas precisam ser respeitados. E se não tem a nossa participação as políticas acabam dando errado”, ressaltou.

          Lázaro Calixto Xerente do CONDISI lembrou que a criação da SESAI foi uma reivindicação dos índios que começou na 4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena em 2006. Criada em 2010, Calixto reconhece os avanços da secretaria, porém solicitou mais participação dos indígenas nas decisões. Disse ainda que é preciso que a SESAI não trate somente a questão da prevenção de saúde, mas que se atente a ouros pontos que também influenciam a saúde indígena como a falta de estradas para chegar às unidades de saúde, alimentação inadequada e inexistência de saneamento básico. “Nós do controle social queremos somar forças junto com o movimento indígena e o governo, não para exigir o que está fora do alcance, mas para que se faça o que é possível”, disse.