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Brasília, 13 de novembro de 2013

 

 

Participação social e capitalismo pós-crise de 2008

Por Valdevir Both

 

         Para o sociólogo Boaventura de Souza Santos, a crise de 2008 significou o fim do chamado “capitalismo democrático”, que estabeleceu um clima de convivência entre os interesses dos trabalhadores e dos capitalistas por um longo período na história. Esse “casamento”, construído às custas de uma intensa luta dos trabalhadores, capitaneada pela esquerda, tornou-se possível perante um acordo: a troca do socialismo pelo estado de bem estar social.


         Em junho de 2013, Boaventura afirmava: “estamos talvez a entrar num momento forte de democracia participativa, servindo de fonte de revitalização da democracia representativa”. Estava se referindo aos debates e mobilizações do povo português diante da crise econômica que assola o país desde 2008. Afinal, mais da metade dos jovens até 25 anos de idade de Portugal estão hoje desempregados.


         Esta leitura da crise de 2008 e sua relação com a democracia, com a qual nos filiamos, longe de querer referendar o famoso “quanto pior, melhor!”, aproxima-se de outro dito popular, a dizer, “do limão uma limonada”. Significa dizer que a crise de 2008, ao mesmo tempo em que amplia a violação de direitos e sacrifica vidas, poderia ser (o que é diferente de necessariamente será) uma oportunidade de reinventarmos a participação, re-fundarmos a democracia representativa e amplificarmos a conquista de direitos. Seria uma oportunidade do povo ir às ruas, exercer o seu direito à participação e ampliar o compromisso do estado com os direitos sociais de forma mais ampla à social democracia.


         Eis que em outubro de 2013, o otimismo com a participação foi reiterado por um importante chefe de governo, de centro-esquerda, dos Países Baixos (Holanda), país com larga tradição na adoção e implementação de políticas de proteção social. Para ele, o contexto político mundial estaria a indicar um gradativo fortalecimento da “sociedade participativa”. Perfeito! No entanto, não era tudo.


         Sua estima pela “sociedade participativa” tinha outras razões a engrandecer o protesto do povo nas ruas, exigindo maior compromisso do estado com os direitos. Dizia ele: “o Estado de bem estar social do século XX terminou. Em seu lugar surge uma ‘sociedade participativa’ na qual as pessoas devem assumir a responsabilidade sobre seu futuro e criar suas próprias redes de seguridade social e financeira. Particularmente na seguridade social e para aqueles que necessitam de cuidados de longa duração. As pessoas querem fazer suas próprias eleições, organizar suas próprias vidas e cuidar dos outros”. E sentencia: “a gestão da seguridade social, da saúde, da educação, das pensões e a atenção aos incapacitados deve confiar-se a empresas privadas; que cada um dos cidadãos pague pelos serviços que necessita”.


         Concretizando um golpe semântico, o capitalismo pós-crise de 2008, que encontra vozes em pseudo-esquerdistas, reafirma a importância da participação social. No entanto, contrariando a esperança acima, não para intensificá-la e para ampliar direitos, senão que, para reconstruir as bases do próprio capitalismo. Do ponto de vista biopolítico, significa ampliar a captura da vida, não mais limitada a zoe, mas à bios. Ou talvez, o que ocorre é a captura da zoe pela própria bios.

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