Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > “Mortalidade materna por Covid entre negras é duas vezes maior que entre brancas”, diz doutora em Saúde durante live do CNS

Banner principal 5cnsm purpple 14 dez

Início do conteúdo da página

“Mortalidade materna por Covid entre negras é duas vezes maior que entre brancas”, diz doutora em Saúde durante live do CNS

  • Publicado: Quinta, 20 de Agosto de 2020, 15h09
imagem sem descrição.

O 11º encontro do Comitê de Acompanhamento da Covid-19 foi transmitido ao vivo nas redes sociais do CNS na quarta-feira (19/08)

O Brasil ultrapassou a marca de 3 milhões de pessoas infectadas pelo novo coronavírus e registrou mais de 110 mil óbitos pela doença. Os dados são do acompanhamento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), atualizados no dia 19 de agosto. A realidade mostra que a pandemia tem cor, gênero e classe social: são as mulheres negras e pobres as mais afetadas. Sobre isso, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) promoveu, na quarta-feira (19/08), um live com transmissão ao vivo pelas redes sociais.

As análises das convidadas da live evidenciam que grupos com mais vulnerabilidades são mais expostos ao risco de contaminação, ao desemprego, à violência, à falta de acesso aos serviços de saúde e aumento da pobreza. Este foi 11º encontro do Comitê, que teve como foco os impactos do desfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e do desmonte da Política de Saúde das Mulheres.

Entre as palestrantes, a doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Fernanda Lopes, que falou sobre as mulheres grávidas e no pós-parto durante a pandemia. 

Um estudo publicado no jornal científico International Journal of Gynecology & Obstetrics apontou que o Brasil concentra 77% das mortes de gestantes e puérperas, comparado com o restante do mundo. Nessas vítimas, “a mortalidade materna de mulheres negras por Covid-19 é duas vezes maior que a de mulheres brancas”, afirmou Fernanda. 

De acordo com os registros do Ministério da Saúde, o número de gestantes hospitalizadas por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs) com confirmação de Covid-19 é maior entre negras (pretas e pardas) quando comparadas às brancas. Entre as gestantes negras hospitalizadas 14,2% foram a óbito. Entre as brancas, o desfecho morte foi observado para 7%, ou seja metade dos casos.

Pandemia acentua as invisibilidades

A conselheira estadual de Saúde de Roraima, Sarlene Macuxi, falou sobre a incessante luta dos povos indígenas pela garantia de direitos básicos. “Quero registrar o nosso repúdio ao retrocesso na saúde promovido pelo governo federal. Uma vez que a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Mulheres é afetada, nós também, mulheres indígenas, somos muito afetadas”. 

Sarlene também falou sobre o veto do governo federal à participação da liderança Nara Baré na 3ª Semana Interamericana de Povos Indígenas, na Organização dos Estados Americanos (OEA). A liderança falaria no dia 7 de agosto, de forma virtual, sobre Covid-19 e Resiliência dos Povos Indígenas. “Não só a voz da mulher indígena foi negada nesse espaço de articulação, como fomos todos invisibilizados”, repudiou. 

Na pauta das mulheres com deficiência, a invisibilidade e o isolamento social, que já faziam parte da vida de muitas, foram agravados. “O isolamento social, que é uma das estratégias para prevenção da Covid, é uma realidade imposta estruturalmente desde sempre [às pessoas com deficiência] e eu espero que não seja para sempre. Os impactos emocionais desse isolamento são muitos”, destacou a conselheira nacional de saúde pela Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME), Vitória Bernardes. 

A conselheira também falou sobre acesso a informação que, embora seja um direito humano, não é garantido às pessoas com deficiência. “Seja por falta de intérprete em Libras, legendagem, ainda temos muito a avançar para que esse direito se concretize para todas e todos”, concluiu.

Mais participações 

A conselheira nacional de saúde pela Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), Shirley Morales, falou sobre o impacto da Covid-19 para as trabalhadoras da Saúde. “Dados do Conselho Nacional de Enfermagem mostram que mais de 80% dos profissionais de enfermagem acometidos pela Covid são mulheres e mais de 60% dos óbitos na enfermagem são mulheres”, destacou. 

Vanja Andréa, conselheira nacional de saúde representante da União Brasileira de Mulheres (UBM), mediou a live. Segundo ela, o desfinanciamento na política de saúde para as mulheres se apresenta num contexto de desmonte maior. “Esse desfinanciamento vai na contramão dos princípios do SUS, que asseguram a promoção, a prevenção da saúde integral da população com equidade, integralidade e universalidade”. 

Evalcilene Santos, representante do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP) também mediou a live. Para ela, é preciso garantir a visibilidade das mulheres que vivem com HIV/Aids, das mulheres lésbicas e em situação de rua. “Nossa saúde está sendo negligenciada e estamos vendo um número muito grande de mulheres com seus direitos retirados. Não vamos desistir dessa luta. Vamos lutar unidas, uma segurando as mãos das outras”, destacou

Nota pública

A live se encerrou com a leitura de uma nota pública lançada pelo CNS manifestando solidariedade à menina de 10 anos amparada pelo abortamento legal do SUS.

Leia aqui a nota na íntegra

Assista a live na íntegra

Foto: Governo do Estado do Mato Grosso do Sul

Ascom CNS

registrado em:
Fim do conteúdo da página